Cada vez mais os estudos apontam que o nosso corpo é uma unidade, e que a boca pode ser tanto uma porta de entrada para a saúde, quanto para sérias enfermidades
Cada vez mais as áreas da saúde caminham para uma unificação, onde as disfunções serão tratadas multidisciplinarmente. Está claro, para estes profissionais, que a única forma de cuidar de um problema é interferir na mudança de hábitos, no tipo da alimentação, nas influências de estresse que os indivíduos estão expostos, avaliando se estão investindo na prevenção, ou na criação de doenças.
“A saúde bucal hoje, tem sido encarada com grande importância no meio médico e hospitalar, pois as pesquisas revelam que uma boca que apresenta infecções aumenta em 80% as chances de comprometer a saúde do organismo. Os problemas vão desde os estomacais, pela mastigação inadequada, até cânceres, cardiopatias, infecção nos pulmões e falência de órgãos, devido proliferação da placa bacteriana, ou biofilme, que entra na corrente sanguínea”, define o cirurgião dentista Dr. Eurides Gurkewicz, especialista em doenças periodontais e ortodontia.
O alerta foi veiculado no British Medical Journal e também envolveu doenças como diabetes, osteoporose, obesidade e até o risco do nascimento de bebês prematuros. Claro que isto não é uma surpresa para médicos e dentistas que travam uma verdadeira batalha com a população para que todos enxerguem o corpo como um só organismo, uma só unidade, onde tudo funciona em conjunto. “O problema é mudar a ideia. As pessoas trazem um conceito formatado do conhecimento do corpo humano, onde as áreas são separadas. Esse pensamento é aceitável, já que existem inúmeras especialidades na área da saúde e também na odontologia. Mas de forma alguma isso desvincula uma parte do corpo da outra”, diz Dr. Eurides. Um exemplo prático que o dentista cita é que se nós estamos com um problema bucal, sentindo dores ou desconforto, é provável que não nos alimentemos direito. De repente, o estômago começa a reclamar, apresenta má digestão e absorção dos nutrientes. Passamos então, na melhor das hipóteses, a nos sentirmos debilitados, fracos, e uma gripe, um vírus, uma bactéria, estão prontos para atacar. “Concordamos que o problema começou na boca e atingiu o corpo todo?”, indaga o dentista.
Sinal de alerta
Dados sobre epidemias apontam que 90% da população do mundo todo seja portadora de gengivite (inflamação na gengiva), e 30% dela tenha algum tipo de doença periodontal. Pode parecer exagero, mas o problema é que as pessoas convivem com a doença sem saber, ou chegam a achar normal, afinal, todo mundo as tem. Até quem mantém uma higienização adequada dos dentes e da boca corre risco em abrir portas para as bactérias e as infecções que caminham para o organismo. Uma das doenças mais comuns na fase adulta é a periodontite, uma infecção crônica. Ela começa, normalmente, com a gengivite e evolui, causando a perda de tecido de suporte do dente ou do implante, levando à perda de um ou mais deles. Outros transtornos comuns, que devem ser investigados, são a posição dos dentes, a relação dos maxilares entre si, a mastigação, respiração, dicção, musculatura da face e dor na articulação temporomandibular (ATM). Todos eles contribuem para uma melhora ou piora do estado geral da saúde e refletem no tipo da qualidade de vida de cada um.
“A batida na tecla é a mesma. As visitas ao dentista devem ser frequentes, os cuidados com a higiene bucal são fundamentais e, nos casos em que o tratamento é necessário, os pacientes podem recuperar a saúde bucal com o que há de mais moderno em aparelhos ortodônticos, implantes, próteses e restaurações”, tranquiliza Dr. Eurides. “O que não deve acontecer é a continuidade do efeito cascata, ou seja, não investigar se há problemas na boca e correr o risco de causar prejuízos aos demais órgãos por pura negligência. É preciso lembrar que um processo inflamatório contínuo causa alterações no equilíbrio químico do organismo. Às vezes, a pessoa carrega inúmeras doenças, algumas até sem cura, e a causa que seria desconhecida está na gengiva”, reforça o especialista.
Tratamento
O tempo dos procedimentos odontológicos diminuiu drasticamente nos últimos anos. Podemos citar como exemplo o uso dos aparelhos ortodônticos e ortopédicos. O tratamento de uma criança ou adolescente dura de seis meses a dois anos. Para o adulto, são em média dois anos. “Esse é só um exemplo do curto espaço de tempo necessário para manter uma vida tranquila. Tratamentos periodontais e implantes, hoje, são questão de dias. Mas se o paciente deixar a situação se agravar demais, o investimento e o tempo serão prolongados até uma restauração total.
Procure tratar o seu corpo de forma geral, invista na prevenção e em hábitos saudáveis. Cada pedaço dele faz parte de algo muito maior e mais complexo do que imaginamos. Ao nos tratarmos assim, seguimos no rumo certo para longe das efermidades”, finaliza Dr. Eurides.
Fique atento para estes sintomas:
-
Sangramento na gengiva;
-
Dor na gengiva ou no dente ao mastigar;
-
Sangramento ao passar fita/fio dental;
-
Exposição da raiz do dente;
-
Gengiva inchada ou dolorida;
-
Halitose – mau hálito.